O presidente do gigante de buscas no Brasil fala sobre o
crescimento no país, a altíssima concorrência por uma vaga na companhia e os
planos para 2012
O ano de 2011 foi especial para o Google Brasil. Entre os
dez maiores nichos do gigante de buscas no planeta, o mercado nacional é o que
mais cresce. Simultaneamente, o QG brasileiro aumentou em um terço o número de
funcionários no país. Hoje, quase 500 profissionais dividem tarefas em dois
escritórios, em São Paulo e Belo Horizonte. Para entrar para o time, contudo, a
tarefa não é nada fácil: a concorrência para o programa de estágio deste ano,
por exemplo, foi de 164 candidatos por vaga – o triplo da registrada pela
carreira mais procurada na Universidade de São Paulo (USP), engenharia civil,
de São Carlos. Desde fevereiro, o escritório brasileiro é comandado por Fabio
Coelho, engenheiro civil de 47 anos, que, depois de passar por importantes
empresas de tecnologia como AT&T e BellSouth, tem duas missões fundamentais
à frente do gigante de buscas: manter o alto nível dos serviços oferecidos e o
foco em duas redes sociais da empresa, Orkut e Google+. “O Orkut é um produto
valioso, mas quem decide seu futuro será seu fiel escudeiro, o usuário”,
afirma. Do escritório do Google em São Paulo, Coelho falou com o site de VEJA.
No início de 2011, o Google revelou que iria recrutar mais profissionais.
O que motivou a criação dos postos?
Crescimento vertiginoso. Há
alguns anos, o Brasil já faz parte dos dez maiores mercados do Google no mundo
e, nesta faixa de países, é a nação que mais cresce. Logo, foi um ano especial.
Conseguimos contratar, em menos de doze meses, mais de 125 funcionários. Hoje,
já contamos com quase 500 profissionais nas duas sedes em São Paulo e Belo
Horizonte. Nosso programa de estagiários, neste ano, foi superconcorrido: 4.100
pessoas disputaram 25 vagas. E, até o fim de 2011, temos sete postos de
trabalhos ainda abertos.
Qual é o perfil do profissional que trabalha no Google?
Buscamos pessoas com altíssimo desempenho acadêmico, de culturas diversas, que
tenham conhecimento em outros idiomas e experiência relativa ao serviço que
será prestado ao Google. Procuramos também profissionais engajados e
apaixonados por outras atividades, como atletas ou músicos. Queremos pessoas
com apetite por realizações.
Como é sua rotina no Google?
Sua agenda é definida pela
sede, em Mountain View (EUA)? Diariamente, começo o trabalho às 8h, com
reuniões de 30 minutos para avaliar métricas e acompanhar execuções de diversos
setores da empresa. Duas vezes por semana participo também de videoconferências
com a matriz nos Estados Unidos para apresentar uma visão mais estruturada do
negócio no país. Não podemos perder muito tempo com longas reuniões, mas
ultimamente resolvemos problemas usando recursos do próprio Google, como o Hangout
(chat em vídeo presente no Google+). Mas tenho também a função imprescindível
de visitar clientes para evangelizar a empresa e mostrar como o Google pode
ajudar outras corporações.
O Google vai mesmo manter o Orkut?
O Orkut é um produto
valioso para o Google Brasil, mas quem decide seu futuro será seu fiel
escudeiro, o usuário. Desde a criação da rede, em 2004, seus cadastrados
mostram que a rede social tem relevância – e sua sobrevivência é garantida a
partir do valor que é dado a ela. Recentemente, revelamos inúmeras inovações ao
produto, como a interface de comunidades – espaços altamente interativos –, que
começam a ser modificadas paulatinamente.
Em inúmeras oportunidades, profissionais do Google afirmaram
que o Google+ não é uma rede social. Então, o que ele é?
Não consideramos o
Google+ uma rede social. É simplesmente um importante projeto da empresa que
mostra como o Google se preocupa com a web social. É um serviço que cruza toda
a internet e os próprios recursos da empresa, como Gmail, Google Reader e
YouTube. O mercado vai absorver, aos poucos, o projeto em sua totalidade:
anúncios, conteúdo, informação, relacionamento e rede de buscas já são funções
que são modificadas a partir do uso do Google+.
Como o Google+ e Orkut podem coexistir?
São duas plataformas
com perfis diferentes de usuários. Não duvido que, nos próximos meses, apareçam
recursos do Google+ no Orkut.
É um privilégio ou uma grande dor de cabeça ter as duas
redes?
É ótimo. Os dois projetos mostram que o Google tem, nas mãos, o presente
e o futuro da web. Temos 45 milhões de usuários no Orkut. Ele é lucrativo, tem
anúncios e desperta o interesse do mercado publicitário.
Por que o Orkut não conseguiu conter o avanço do Facebook?
O
Google não quer controlar o avanço do Facebook. O Orkut já amadureceu no país:
tem uma base muito fiel de usuário. A maior prova disso é que nossa rede social
cresce proporcionalmente ao número de usuários de internet no Brasil. Já o
Facebook exerce um encantamento nos brasileiros por ser uma plataforma relativamente
nova no país, mas dados de empresas de métricas comprovam o uso concomitante
dos dois sites. O Facebook ainda não amadureceu no Brasil. O que me interessa,
no futuro, é até onde vai o ciclo de crescimento dessas redes.
Qual será a prioridade do Google Brasil para 2012?
Aperfeiçoar o que já fizemos em 2011 e desenvolver ainda mais setor social,
móvel e vídeo. Não teremos o mesmo ritmo de contratação deste ano – que foi
espetacular –, mas contrataremos um novo grupo de funcionários para fazer parte
do Google no Brasil.
Fonte: revista veja digital
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